Sobre o mistério…

Do livro Mitologia Primitiva – As máscaras de Deus de Joseph Campbell

“A mulher como porta mágica de outro mundo, pela qual a vida entra neste, está ligada naturalmente , à porta da morte, onde a vida parte.

Está ligada ao mistério e ao milagre! Dar a luz, o leite que jorra dos seus seios, o ciclo menstrual é uma revelação que a transporta e a conecta ao universo.

A mulher, tanto em sua maneira de sentir a vida quanto seu caráter, como uma estampagem contém uma mensagem ao mundo para o homem assimilar.

A magia criativa do corpo feminino é um milagre em si mesma.

E assim, enquanto os homens em seus ritos (como iniciados, dignatários tribais, xamãs ou que quer que sejam) se cobriam de fantasias mágicas, a magia mais poderosa do corpo feminino é inerente à própria mulher.

Em todas as suas epifanias primárias, portanto, seja nas estatuetas paleolíticas ou no neolítico, ela é caracteristicamente a deusa nua, com uma ênfase iconográfica sobre o simbolismo de sua própria forma mágica.

A mulher, como a porta mágica do outro mundo, pela qual a vida entra neste está naturalmente em contraposição à porta da morte, pela qual a vida parte. E nenhuma teologia precisa estar envolvida nisso, mas apenas o mistério e o milagre de uma mente pasma diante de um segmento apreendido do universo – junto com a vontade de unir-se a qualquer poder que possa habitar tal milagre.”